
Tarde demais...
O trem passou,a luz apagou...
Sem despedidas,com partidas
Tarde demais...
Vou esperar outro trem...
Quando se pensa ou se fala de um poeta,
não se fala o que se pensa.
Geralmente ele é tido como um tipo sombrio,
de olher triste e distante.
Em outras palavras, quer dizer, pensamentos; o
poeta é um sujeito meio "bocó".
Para alguns, o poeta é um aluado, que
acredita em uma realidade que não vive, e
vive uma realidade em que não acredita;
um alienado.
Normalmente a imagem do poeta é de
alguém amante das flores e dos pássaros,
que se inspira ao sabor da brisa à beira
de uma praia qualquer, fitando o mar até
o limite do horizonte.
Alguém incapaz de maquinar um
"insetícidio".
O nome "poeta" designa quem o leva, um
amante da paz.
Para outros ele é um sentimentalista
paranóico que, masoquistamente anela
pelas lágrimas, um saudosista inveterado que
proclama a angústia dos apaixonados
como um canto de vitória.
Para ele (pensam, e não dizem eles do
poeta), as flores são sempre cheias de
espinhos, o céu está sempre cinzento, há
sempre alguém sofrendo.
A vitória do amor é sempre
encenada em palco de lamentações.
Ainda há aqueles que ligam a figura do
poeta a um frustrado revolucionário.
Sempre usando a pena
sarcasticamente contra o sistema,
contra tudo e contra todos.
Nada o satisfaz.
Nada o conforta.
A grande maioria vê no poeta alguém
com uma sensibilidade espiritual
apurada, contemplativo.
O ser que parece ter contato com
o mundo além;
um desligado.
O apaixonado das letras e dos versos é
um sujeito meio difícil de se entender
realmente.
Mas alguém já questionou o
por quê do poeta ser tal qual um poeta?
Como não se entristecer com o descaso
e a injustiça?
Será que tristeza do poeta não está
vinculada à alegria embaçada do
"cidadão normal"?
Sim, às vezes, o poeta passa por "bocó",
porém, integro, que não ensaia sentimentos
teatrais.
Ninguém pode negar a autenticidade do
poeta sincero.
O olhar distante do poeta talvez esteja
em busca de um mundo mais justo.
A tristeza do seu olhar é de ver tanta
fome, miséria e violência.
O poeta sofre em testemunhar
esse jogo corrupto de
relacionamentos interesseiros,
fomentados por aqueles que,
aparentemente alegres,
porém, apenas uma casca frágil,
denunciada por seus olhares arredios.
A diferença é que o poeta tem coragem
de dizer que é humano.
Não, o poeta não é um alienado que
foge para um mundo particular.
O poeta acredita na realidade,
mas não nessa
caricatura que se mascara sol a sol.
Porque ele sabe que por detrás desta, que é
ensaiada, está a verdadeira, onde os
mais ousados tem a coragem de
garimpar e descobrir as riquezas da vida.
Sim, o poeta é um amante da paz.
A paz ausente no mundo e fora do
coração do homem.
Há "guerras e rumores de guerra".
Há guerras nas famílias destruindo e
dividindo.
Há batalhas hediondas no jogo do poder.
Mas o conflito que mais tem vitimado e
ceifado vidas são as guerras silenciosas
no espírito do ser humano.
A injustiça não promove a paz!
Mas, o poeta, ele conhece a paz.
É em meio a este conflito auto destrutivo
onde o inimigo do homem é o
próprio homem,
que o poeta apregoa a paz
e proclama a vida.
Acreditar e viver o amor se tornou paranóia?
Então é por isso que o mundo está
cheio de pessoas normais, falta-lhe a
paranóia do amor.
Diante desta normalidade do mundo
( ou será insensibilidade?), amar é
realmente sofrer.
E o poeta sofre por que ama.
Porque quem ama sofre a dor do desamor.
Angustia-se em testemunhar esta
sublimidade de sentimento
se transformar em objeto barato de consumo,
a própria negação do seu sentido.
O poeta chora em testemunhar a
apologia do ódio, e de todos os
sentimentos que lhe são derivados,
contagiar como um vírus maligno
o coração dos desatentos.
Não lhe cabe melhor adjetivo do que
amante das flores.
Porque aquele que têm sua
sensibilidade atraída para o
desabrochar das flores são amantes do belo,
do singelo e do divino.
É aquele que em meio a tantos amores
profanos, dirige sua atenção para a manifestação
graciosa do poder do Criador.
Sim, o poeta olha para as flores e as ama.
Para onde se tem olhado ultimamente?
Os pássaros simbolizam liberdade e, ao
observá-los, o poeta é capaz de
acompanhá-los nesta viagem de clara
indepedência.
O poeta se deslumbra com tal
possibilidade porque ele sabe que há
muitas "viagens" sem volta,
muitos destinos incertos,
daqueles que não
conseguem alçar maiores alturas para
sua própria liberdade, porque são
prisioneiros de si mesmos.
A inspiração do poeta não nasce somente da
meditação contemplativa à beira
de uma praia qualquer,
mas, e principalmente, do descontetamento da
superficialidade, com o adejar daqueles
que estão com o "pe no chão",
arvorando da vida,
mentindo pra si mesmos.
Futilidades, soberba, aparatos de
desculpas para não ser o ser que se é,
ou ser o ser que não se é.
O poeta olha para o horizonte e vê sentido na vida.
Torna os seus olhos para os que dizem que vivem,
e sente o desespero nos olhares silenciosos.
Dos que não tem mais esperança.
Dos que não acreditam mais na vida.
Dos que se trancaram em si mesmo para o mundo.
Entretanto, o poeta vive a vida e,
ao vivê-la, sonha e voa.
O autor, Paulo Cezar dos Santos, nasceu em 10/07/57, é músico auto-didata, compositor e poeta. Segundo o poeta: "Respiro poesia, ainda que numa atmosfera poluída de discursos sem vida, mas, a poética resistirá até o fim."
Contatos:cezarcsantos@bol.com.br
Filho de Brás Martins dos Guimarães Bilac e de Delfina Belmira dos Guimarães Bilac, após o término da educação, iniciou o curso de Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, que não chegou a concluir. Tentou, então, a Faculdade de Direito de São Paulo que também não concluiu.
De volta ao Rio de Janeiro, passou a dedicar-se à literatura. Começou a trabalhar no jornal A Cidade do Rio, ao lado de José do Patrocínio. Neste jornal, conseguiu ser indicado correspondente em Paris no ano de 1890. De volta no ano seguinte, iniciou o romance O esqueleto, em colaboração com Pardal Mallet, que foi publicado no jornal Gazeta de Notícias em forma de folhetins e sob o pseudônimo de Vítor Leal.
Publicou diversas crônicas literárias no jornal A Notícia e colaborou com outros tantos jornais como A Semana, Cosmos, A Cigarra, A Bruxa e A Rua. Na qualidade de jornalista, foi grande incentivador do serviço militar obrigatório e da criação do Tiro de Guerra.
É como poeta, contudo, que Bilac se imortalizou. Foi eleito Príncipe dos Poetas Brasileiros pela revista Fon-Fon em 1907. Juntamente com Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, foi a maior liderança e expressão do parnasianismo no Brasil, constituindo a chamada Tríade Parnasiana. A publicação de Poesias, em 1888 rendeu-lhe a consagração.
Informações oriundas do site Wikipedia e arquivos pessoais.
Nos próximos posts, tentarei esboçar alguns textos desse maravilhoso escritor.
Não esqueçam de comentar o que acham!
Paz, luz e sabedoria!
A sombra do Deus morto ainda se faz presente no interior da caverna
Quem ainda a procura, perdeu a fé em si mesmo
Homens de fé são os que procuramos ser!
Homem de fé são os que poucos conseguem ter!
Surge o louvor! Surgem as súplicas!
Cansado de pisar pelas estradas da realidade
Exausto por chorar as mágoas das vidas não vividas
Quem mais, além de mim
Carrega a própria cruz?
Estenda-me suas asas, monstros da realidade
Escureça minha alma, clareando meu pensar
Homens de fé são os que procuramos ser!
Quem será o próximo homem? Qual será a próxima fé?
Sou o meu próprio e único mundo!