terça-feira, 29 de setembro de 2009

ADORAÇÃO


ADORAÇÃO

Allan


Ingênuo, fui pego de surpresa
Sutil afago em meus sentidos
Foi assim, tua beleza
A voz suave em meus ouvidos

Ao teu lado, revelei-me sem abrigo
E algo em mim entristeceu
Serei, portanto o teu grande amigo
E sem teu afeto, quem serei eu?

Teu corpo possui a graça
Da natureza surge o beijo
Ventos que velam mar que passa
Assim nasceu meu desejo

Após doenças e casamentos
Deixe-me conhecer teu coração
E se mudou o meu sentimento
Foi pura, doce e grave
Adoração

domingo, 6 de setembro de 2009

Vinicius de morais


Poética

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.
Vinícius de Moraes

SONETO LXV



Se a morte predomina na bravura
Do bronze, pedra, terra e imenso mar,
Pode sobreviver a formosura,
Tendo da flor a força a devastar?
Como pode o aroma do verão
Deter o forte assédio destes dias,
Se portas de aço e duras rochas não
Podem vencer do Tempo a tirania?
Onde ocultar - meditação atroz -
O ouro que o Tempo quer em sua arca?
Que mão pode deter seu pé veloz,
Ou que beleza o Tempo não demarca?
Nenhuma! A menos que este meu amor
Em negra tinta guarde o seu fulgor.
William Shakespeare