sábado, 17 de outubro de 2009

Chico buarque - Olhos nos Olhos



O maior letrista brasileiro de todos os tempos!
Não é preciso dizer mais nada...

Olhos nos olhos

Quando você me deixou, meu bem
Me disse pra ser feliz e passar bem
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci
Mas depois, como era de costume, obedeci

Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer
Olhos nos olhos, quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E que venho até remoçando
Me pego cantando
Sem mas nem porque
E tantas águas rolaram
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você

Quando talvez precisar de mim
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim
Olhos nos olhos
Quero ver o que você diz
Quero ver como suporta me ver tão feliz


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Interessante como o Chico consegue percorrer tão facilmente os meandros da alma feminina, discurso política e mazelas sociais do Brasil. O exercício de se colocar na posição alheia, faz com que a pessoa se torne mais humana, uma vez que sente-se mais proxima da outra. Interessante essa abordagem, porém, não posso deixar de destacar a sensação que me é passada ao ouvir essa canção. A maneira que Chico a interpreta é de uma tristeza latente! Seu canto pequeno e mínimo ja característico, assume uma forma mais melancólica...Forma essa que se materializa na própria postura da personagem da letra. Ao afirmar "Quero ver o que você diz
Quero ver como suporta me ver tão feliz" na verdade se traduz como uma espécie de desejo, porém, não realizado. Ela não admite que sua felicidade é ilusória, e como é característico dos seres humanos, agride (desdenhando) aquilo que não pode ter.Outro trecho da canção que nos induz a pensar dessa forma é "Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você"...Claro que são interpretações, e elas dependem do seu estado de espírito para definí-las. Mas se pensarmos bem, talvez fique mais claro ainda seu (falso) desdém quando ela se deixa levar pelo seu desejo (desesperado) de ter o amado(a) de volta. Duvida?
"Quando talvez precisar de mim
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim"
Comente, critique, opine..Esse espaço é seu!
Paz, luz e sabedoria!
Allan


SOU TREVAS




Ela caminha em formosura
Noite que anda em um céu sem nuvens e de estrelas palpitantes
O que há de bom nas trevas e no resplendor em que se encontra seu olhar em seu semblante?
Ela amadureceu à luz tão branda
O céu reserva ao dia seu fulgor
Sou uma sombra a mais sem que se faça falta
Importância não faria , se meu raio diminuísse a graça
Indefinível dizer...
Maldição!
Porque meu fulgor noturno não sobrepõem sua claridade diária??
Sou trevas!
Allan

Espaço dos amigos da poesia...








Paulo Cezar dos Santos definiu uma vez em seu blog, o que se espera de um poeta. VAmos agora dar espaço a mais um amigo da poesia com seus pensamentos e opiniões. Não deixem de continuarem enviando seus textos, logo, eles serão publicados aqui.

Abraços!


O Que Se Espera de Um Poeta

Paulo Cezar dos Santos

Quando se pensa ou se fala de um poeta,
não se fala o que se pensa.

Geralmente ele é tido como um tipo sombrio,
de olher triste e distante.
Em outras palavras, quer dizer, pensamentos; o
poeta é um sujeito meio "bocó".

Para alguns, o poeta é um aluado, que
acredita em uma realidade que não vive, e
vive uma realidade em que não acredita;
um alienado.

Normalmente a imagem do poeta é de
alguém amante das flores e dos pássaros,
que se inspira ao sabor da brisa à beira
de uma praia qualquer, fitando o mar até
o limite do horizonte.
Alguém incapaz de maquinar um
"insetícidio".

O nome "poeta" designa quem o leva, um
amante da paz.
Para outros ele é um sentimentalista
paranóico que, masoquistamente anela
pelas lágrimas, um saudosista inveterado que
proclama a angústia dos apaixonados
como um canto de vitória.

Para ele (pensam, e não dizem eles do
poeta), as flores são sempre cheias de
espinhos, o céu está sempre cinzento, há
sempre alguém sofrendo.
A vitória do amor é sempre
encenada em palco de lamentações.

Ainda há aqueles que ligam a figura do
poeta a um frustrado revolucionário.
Sempre usando a pena
sarcasticamente contra o sistema,
contra tudo e contra todos.
Nada o satisfaz.
Nada o conforta.

A grande maioria vê no poeta alguém
com uma sensibilidade espiritual
apurada, contemplativo.
O ser que parece ter contato com
o mundo além;
um desligado.

O apaixonado das letras e dos versos é
um sujeito meio difícil de se entender
realmente.
Mas alguém já questionou o
por quê do poeta ser tal qual um poeta?

Como não se entristecer com o descaso
e a injustiça?
Será que tristeza do poeta não está
vinculada à alegria embaçada do
"cidadão normal"?

Sim, às vezes, o poeta passa por "bocó",
porém, integro, que não ensaia sentimentos
teatrais.
Ninguém pode negar a autenticidade do
poeta sincero.
O olhar distante do poeta talvez esteja
em busca de um mundo mais justo.

A tristeza do seu olhar é de ver tanta
fome, miséria e violência.

O poeta sofre em testemunhar
esse jogo corrupto de
relacionamentos interesseiros,
fomentados por aqueles que,
aparentemente alegres,
porém, apenas uma casca frágil,
denunciada por seus olhares arredios.

A diferença é que o poeta tem coragem
de dizer que é humano.
Não, o poeta não é um alienado que
foge para um mundo particular.
O poeta acredita na realidade,
mas não nessa
caricatura que se mascara sol a sol.

Porque ele sabe que por detrás desta, que é
ensaiada, está a verdadeira, onde os
mais ousados tem a coragem de
garimpar e descobrir as riquezas da vida.
Sim, o poeta é um amante da paz.
A paz ausente no mundo e fora do
coração do homem.

Há "guerras e rumores de guerra".
Há guerras nas famílias destruindo e
dividindo.
Há batalhas hediondas no jogo do poder.
Mas o conflito que mais tem vitimado e
ceifado vidas são as guerras silenciosas
no espírito do ser humano.

A injustiça não promove a paz!
Mas, o poeta, ele conhece a paz.

É em meio a este conflito auto destrutivo
onde o inimigo do homem é o
próprio homem,
que o poeta apregoa a paz
e proclama a vida.

Acreditar e viver o amor se tornou paranóia?

Então é por isso que o mundo está
cheio de pessoas normais, falta-lhe a
paranóia do amor.
Diante desta normalidade do mundo
( ou será insensibilidade?), amar é
realmente sofrer.

E o poeta sofre por que ama.
Porque quem ama sofre a dor do desamor.
Angustia-se em testemunhar esta
sublimidade de sentimento
se transformar em objeto barato de consumo,
a própria negação do seu sentido.

O poeta chora em testemunhar a
apologia do ódio, e de todos os
sentimentos que lhe são derivados,
contagiar como um vírus maligno
o coração dos desatentos.

Não lhe cabe melhor adjetivo do que
amante das flores.
Porque aquele que têm sua
sensibilidade atraída para o
desabrochar das flores são amantes do belo,
do singelo e do divino.

É aquele que em meio a tantos amores
profanos, dirige sua atenção para a manifestação
graciosa do poder do Criador.

Sim, o poeta olha para as flores e as ama.
Para onde se tem olhado ultimamente?

Os pássaros simbolizam liberdade e, ao
observá-los, o poeta é capaz de
acompanhá-los nesta viagem de clara
indepedência.
O poeta se deslumbra com tal
possibilidade porque ele sabe que há
muitas "viagens" sem volta,
muitos destinos incertos,
daqueles que não
conseguem alçar maiores alturas para
sua própria liberdade, porque são
prisioneiros de si mesmos.

A inspiração do poeta não nasce somente da
meditação contemplativa à beira
de uma praia qualquer,
mas, e principalmente, do descontetamento da
superficialidade, com o adejar daqueles
que estão com o "pe no chão",
arvorando da vida,
mentindo pra si mesmos.
Futilidades, soberba, aparatos de
desculpas para não ser o ser que se é,
ou ser o ser que não se é.

O poeta olha para o horizonte e vê sentido na vida.
Torna os seus olhos para os que dizem que vivem,
e sente o desespero nos olhares silenciosos.
Dos que não tem mais esperança.
Dos que não acreditam mais na vida.
Dos que se trancaram em si mesmo para o mundo.
Entretanto, o poeta vive a vida e,
ao vivê-la, sonha e voa.


O autor, Paulo Cezar dos Santos, nasceu em 10/07/57, é músico auto-didata, compositor e poeta. Segundo o poeta: "Respiro poesia, ainda que numa atmosfera poluída de discursos sem vida, mas, a poética resistirá até o fim."

Contatos:cezarcsantos@bol.com.br


Vamos falar de poesia...


Definir ou conceituar "Poesia" é uma tarefa que pode ser tentada de incontáveis formas e perspectivas.
Para todos que já tiveram a experiência viva de ler e escrever poesia, não é difícil compreender muitas das definições existentes (por mais diferentes que elas sejam em seus fundamentos) e (apesar de todas essas diferenças) "encaixar" as múltiplas visões e torná-las até complementares entre si.
Existem é claro alguns genuínos conflitos sobre a natureza e o propósito da Poesia, mas esses, em minha opinião, podem ser atribuídos mais a correntes, escolas, épocas e modismos, que a diferenças entre as diversas perspectivas pelas quais se pode tentar uma compreensão abrangente do tema.
Por outro lado, para quem nunca teve a vivência prática da poesia, muitas das definições podem parecer assunto quase místico; e a idéia de "Poesia", algo tão impalpável que deveria ser objeto da Metafísica e não de qualquer ciência da linguagem, da arte ou da comunicação.

Vistem o blog dos meus amigos da casa da cultura
http://www.casadacultura.org/Literatura/Poesia/O_que_e_Poesia_Artigos/idx_Artigos_O_que_e_Poesia.html

terça-feira, 13 de outubro de 2009

TEMPESTADE


Fazia muito tempo que eu não postava… Falta de tempo!Comentem, critiquem,estejam à vontade.
Paz, luz e sabedoria a todos!



TEMPESTADE


Se o meu Sol não raiou
Ou, seu brilho ainda não me despertou
A memória mais presente
Finge estar contente...
E meu peito logo invade
Com os pingos da Tempestade
Que a saudade não secou

Pois quando servi o vento, foi-se a mocidade
Quando perdi meu tempo, foi-se a vontade
E se bem me lembro
Faltou-me a coragem
Para vencer o vento e ser a tempestade