sábado, 22 de outubro de 2011

SÉRIE GRANDES POETAS



  Convenhamos, o que é ser poeta? Que tal deixarmos os próprios mestres do oficio nos dizerem?

Fernando Pessoa crê que o poeta é um guerreiro da inverdade:

"O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”

A agridoce Florbela Espanca alça o poeta acima dos demais:

“Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!”


O poeta da simplicidade Mario Quintana, divertidamente afirma:

“- Eu amo o mundo! Eu detesto o mundo! Eu creio em Deus! Deus é um absurdo! Eu vou me matar! Eu quero viver!
- Você é louco?
- Não, sou poeta”


  Então, o que é ser poeta?

  Nessa série, abordaremos as biografias, principais obras e curiosidades que compõe o universo dos poetas que, enviados por Deus, nos fazem visualizar as partes secretas (ou não tão secreta assim) da criação Divina. Ou não.

e.e.cummings

  Edward Estlin Cummings, que preferia ser abreviado como e. e. cummings, assim mesmo, em minúsculas, como o próprio poeta assinava e publicava.
Nascido em 14 de outubro de 1894, em New Hampshire, EUA, é considerado por Augusto de Campos (outro espetácular poeta, de temática concretista) um dos maiores inovadores da linguagem da poesia e da literatura no século XX.

ESTILO

  Cummings é conhecido pelo seu característico estilo não usual, que utiliza na maior parte de seus poemas, além de seu uso não ortodoxo, tanto das letras maiúsculas e minúsculas quanto da pontuação, com as quais, inesperadamente, de forma aparentemente errônea (só aparentemente) para o leitor mais desavisado, a ponto de não compreender a essência da própria linguagem verbal tal como ela é captada pelo poeta. Capaz de de interromper uma frase, ou mesmo palavras individualmente; o poeta explora fonemas individuais para se chegar ao "microritmo". Desta forma, talvez há quem possa  criticar o poeta como um "poeta para poetas", ou seja, um poeta que exige a leitura de um especialista. Bobagem! Após algumas leituras, seus poemas mais inusitados são de leitura bastante simples e fluente.
  Muitos de seus poemas possuem distribuição tipográfica não-linear. Através desta distribuição não-usual, aliada aos recursos anteriormente citados, é possível perceber de que forma a linguagem verbal se forma a partir do nosso inconsciente, resultando assim, em um texto altamente objetivo, ao mesmo tempo que expressivo.
  O primeiro livro de cummings é publicado em 1923, quando o Surrealismo expressa-se predominantemente. Preocupados basicamente em desenvolver uma revolução do conteúdo, os surrealistas se afastam da revolução estrutural das primeiras décadas do século XX. Cummings, no entanto, seguiu em outra direção, aprofundando o legado de forma mais "construtivista", da mesma forma que na pintura, surgia o Cubismo!
  Apesar da afinidade de cummings com as antigas vanguardas do início do século XX e de sua tipografia não usual, parte de seu trabalho é mais tradicional, em verso livre ou poesia em prosa, apresentando, inclusive, poemas em formato de soneto! Seus poemas com frequência tem como pano de fundo o amor (ah...o Amor!) e a natureza.
  Durante toda sua vida ele publicou mais de 900 poemas, duas novelas, diversos ensaios e também inúmeros desenhos, sketches e pinturas. É lembrado como uma das vozes mais importantes da literatura do século XX, sendo elogiado por artistas como T.S Elliot e Ezra Pound.
  Faleceu aos 67 anos de idade e é tido como um dos maiores da Literatura estadunidense, pela sua tranformação na linguagem poética e grande sintonia com os movimentos da época.  



POESIAS

nalgum lugar em que eu nunca estive

nalgum lugar em que eu nunca estive, alegremente além
de qualquer experiência, teus olhos têm o seu silêncio:
no teu gesto mais frágil há coisas que me encerram,
ou que eu não ouso tocar porque estão demasiado perto

teu mais ligeiro olhar facilmente me descerra
embora eu tenha me fechado como dedos, nalgum lugar
me abres sempre pétala por pétala como a Primavera abre
(tocando sutilmente, misteriosamente) a sua primeira rosa

ou se quiseres me ver fechado, eu e
minha vida nos fecharemos belamente, de repente,
assim como o coração desta flor imagina
a neve cuidadosamente descendo em toda a parte;

nada que eu possa perceber neste universo iguala
o poder de tua imensa fragilidade: cuja textura
compele-me com a cor de seus continentes,
restituindo a morte e o sempre cada vez que respira

(não sei dizer o que há em ti que fecha
e abre; só uma parte de mim compreende que a
voz dos teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas”

Tradução de Augusto de Campos

“em algum lugar onde nunca estive

em algum lugar onde nunca estive, e felizmente aquém
de qualquer experiência, teus olhos guardam seu silêncio:
em teu gesto mais frágil há coisas que me envolvem
ou que não posso tocar porque estão muito próximas

teu olhar mais leve facilmente me descerra
embora eu me tenha fechado como dedos,
e me entreabres sempre, pétala por pétala, com a Primavera
(por toques habilidosos, misteriosamente) abre a primeira rosa

ou se teu desejo é me fechar, eu e
minha vida nos fecharemos formosa e rapidamente
como quando o coração desta flor imagina
que a neve - cuidadosamente - está caindo em toda parte;

nada do que podemos perceber neste mundo se compara
ao poder de tua intensa fragilidade: cuja textura
me compromete com a cor de seus países
e me entrega para sempre a morte cada vez que respiro

(nada sei do que te faz tão poderosa
ao me mover; mas algo em mim compreende apenas
que a voz de teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem as mãos assim pequenas”.

Tradução de Jorge Wanderley



Para os entendedores do bom inglês, segue os versos em sua escrita original

“somewhere i have never travelled, gladly beyond

somewhere i have never travelled, gladly beyond
any experience, your eyes have their silence:
in your most frail gesture are things which enclose me,
or which i cannot touch because they are too near
your slightest look easily will unclose me
though i have closed myself as fingers,
you open always petal by petal myself as Spring opens
(touching skilfully, mysteriously) her first rose
or if your wish be to close me, i and
my life will shut very beautifully, suddenly,
as when the heart of this flower imagines
the snow carefully everywhere descending;

nothing which we are to perceive in this world equals
the power of your intense fragility: whose texture
compels me with the color of its countries,
rendering death and forever with each breathing
(i do not know what it is about you that closes
and opens;only something in me understands
the voice of your eyes is deeper than all roses)
nobody, not even the rain, has such small hands


Existe um vídeo com uma versão espetacular do Zeca Baleiro cantando sua versão para o poema.




“Quando o meu amor vem ter comigo


Quando o meu amor vem ter comigo
É um pouco como música
Um pouco mais como uma cor curvando-se (por exemplo laranja)
Contra o silêncio, ou a escuridão...
A vinda do meu amor emite um maravilhoso odor no meu pensamento
Devias ver quando a encontro como a minha menor pulsação se torna menos
E então toda beleza dela é um torno cujos quietos lábios me assassinam subitamente
Mas do meu cadáver s ferramenta o sorriso dela faz algo subitamente luminoso e preciso
- E então somos Eu e Ela ...
O que é isso que o realejo toca.”




Constantes, deixem seus comentários sobre o poeta, sugira novos perfis... O espaço é seu, o Blog é nosso!

Paz, luz e sabedoria!


Constantes Referências
Saiba mais sobre o poeta aqui:



7 comentários:

OTAVIA CDR disse...

ESSA MÚSICA DO BALEIRO É DEMAIS!

bianca 248 disse...

Num conhecia...valew ai!

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